segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Eu não me arrependo!

Eu tinha entre 14 e 15 anos, não sei ao certo. Meus pais estavam em uma fase complicada no casamento devido à crise financeira que os afetou. Eu e meu irmão mais velho tínhamos brigado feio na semana anterior, não sei dizer se fiz o que fiz pelo fato de estar cansada da situação, ou porque sou louca e me descontrolei.
Meu pai, que não trabalhava perto de casa e não tinha muita afinidade comigo e com meu irmão resolveu que queria passar um tempo com os filhos - embora eu ache que ele só queria se aproveitar para ganhar nosso apoio na briga com minha mãe (desculpa, pai! Eu te amo, mas não sou burra!). Minha mãe não queria nem falar com ele, mas acabou deixando.
Fomos para o apartamento onde ele estava morando, na cidade vizinha, lembro-me inclusive que Daniel quase me bateu por querer ir no banco da frente. Meu pai, que nunca foi de ter muita paciência, quase amarrou os dois no banco traseiro. Já havíamos começado mal. Daniel resmungou o caminho inteiro, como se tivesse 10 anos.
Mas enfim, papai deu algum dinheiro que estava guardado, fomos ao shopping e ao cinema. Estávamos na barraquinha de churros, que eu quase matei pra comprar, quando aconteceu.
Meu pai sempre foi um homem muito bonito e bem apessoado, assim como os filhos, diga-se de passagem. Mas voltando, eu estava comendo meu delicioso churros ao lado do meu irmão emburrado, que mexia no celular no banco da praça quando uma mulher chegou e beijou meu pai. Meu pai. Eu assisti à cena petrificada. Ela tascou um beijão nele e foi aí que lembrei de minha mãe e suas suspeitas de que meu pai a traía. Até achei que era loucura, mas ele não afastou a loira alta, que tinha idade para ser sua filha. Senti um nojo enorme. Sabia que meus pais não estavam mais juntos como casal, mas minha mãe ainda o amava e os papéis do divórcio ainda não tinham sido assinados. Eu achei que ainda havia esperança, então com isso em mente, não pensei duas vezes, levantei antes de Daniel e esbocei um sorriso falso e irônico.
Meu pai ficou branco, sem saber o que dizer e a mulher ficou ainda mais branca que papel sulfite. Lembro das exatas palavras que eu disse a ela: “Você deve ser a criança que meu pai está adotando... ou é uma amante qualquer?”.
Pronto, esta foi a deixa para uma briga enorme, mas que acabou funcionando. A mulher foi embora e tempos depois meus pais voltaram. Hoje sei que não devia tê-la tratado daquele jeito, foi imaturo. Mas foi marcante e afinal, eu era jovem, jovens fazem besteiras. No caso, a besteira deu certo.

Moral da história: faça uma loucura infantil se for por uma boa causa.

Isabella - 8°B 2016 

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