Um objeto mais apaixonado que sua dona
Um celular apaixonado? Será? Não
é possível! Eu gosto de sofrer. Sempre guardei segredros que ninguém sabe ou
imagina saber sobre ela. No caso, minha dona. Já a vi sofrer e chorar por quem
não mereceia. Amores, amizades... toquei suas músicas preferidas e apropriadas
para cada momento específico. Guardei suas fotos separadas em álbuns.
Fui o motivo de risos e lágrimas
em madrugadas passadas em claro ou em sonos interrompidos. Sempre guardo suas conversas
e nunca a dedurei, mesmo fazendo o certo e o errado. Tão jovem, tão feliz, tão
calma, tão agradável. Sou um louco completamente apaixonado.
As vezes minha dona simplesmente
não quer me ouvir e então me cala, me silencia. Ou me põe pra vibrar. Sou um
louco viciado em tomadas, infelizmente. Não vivo sem.
Esses dias ouvi um papo de que
serei trocado no fim do ano e, honestamente, meu coração partiu-se. Fico
pensando se não é melhor eu tentar partir antes. Assim que eu for, ela terá
outro companheiro, confidente e amigo fiel.
Nunca esquecerei de um humano que
tratou tão bem, mesmo me derrubando quase sempre. É, Júlia... acabei de tirar
minhas conclusões. Você é difícil de se conviver.